Não vou cansar de escrever aqui que a musculação, por si, causa benefícios que, na somatória, aumentam a longevidade. Seus ótimos efeitos sobre o esqueleto foram os primeiros a ser reconhecidos pela ciência. E através de vários estudos relacionando esse tipo de atividade física à maior capacidade do organismo de debelar males graves, a musculação vem sendo cada vez mais recomendada.
Uma investigação realizada pelo renomado Instituto Karolinska, na Suécia, em conjunto com a Universidade de Granada, na Espanha, merece destaque. Primeiro porque foi feita com quase 9 mil voluntários, uma quantidade de gente que não deixa muita margem a dúvida nos resultados. E eles apontam que os indivíduos mais musculosos, confrontados com aqueles que eram flácidos, apresentaram uma incidência de doenças graves menor ao longo de nada menos que 19 anos. Aliás, na turma mais fraquinha houve uma taxa 50% mais alta de mortes em comparação com o grupo dos fortinhos.
A pesquisa reforça ainda mais as evidências que ligam a força muscular à prevenção de problemas crônicos. É o caso do câncer — sim, ele já pode ser incluído nessa categoria de males que, se não têm cura, podem ser tratados e controlados por muitos e muitos anos. O levantamento feito por suecos e espanhóis constatou que pessoas com músculos tonificados resistem mais aos tumores.
É possível que isso tenha a ver, entre outras coisas, com o poder desse tipo de exercício contra substâncias oxidantes, que danificam o DNA e, conseqüentemente, contribuem para o aparecimento de células anormais, isto é, malignas. O interessante é que os benefícios não foram observados apenas em quem era magro e fazia musculação. Embora a gordura corporal contribua para reações inflamatórias que aumentam o risco de um câncer, homens obesos que se submetiam aos treinos com pesos também pareceram menos sujeitos ao câncer.
Outro estudo, este da Associação Americana de Fisioterapia, mostra que a musculação ajuda a prevenir e a combater o diabete do tipo 2, doença que se caracteriza pela resistência à insulina. Por causa dela, o açúcar fica dando sopa na circulação, já que não consegue entrar nas células sem o empurrão desse hormônio. Os fisioterapeutas americanos notaram que quem não só praticava um esporte aeróbico como também levantava pesos de vez em quando tinha um melhor controle da glicose do que os que se limitavam a correr, por exemplo. O exercício faz com que estruturas de dentro da célula captem essa fonte de energia sem precisar da insulina, quanto mais músculo, maior a captação.
Quer outro bom motivo para não deixar os músculos enfraquecidos? Eles contribuem para a saúde do peito. Não vamos menosprezar a importância das atividades aeróbicas na melhora da circulação sangüínea, fazendo o coração bater forte. No entanto, a massa muscular melhora o desempenho físico, o que indiretamente ajuda a aprimorar o sistema cardiorrespiratório.
Sem contar que, quanto mais músculos, maior é o gasto energético até mesmo em repouso. Esse consumo pós-treino facilita o controle do peso. E, com a massa magra adequada os riscos de males cardíacos caem consideravelmente.
Atenção: tudo isso não significa que você tem que botar pilha no treino. Respeite seu corpo não passe dos limites. Faça pelo menos 3 vezes por semana, nos demais, faça esteira ou outro exercício aeróbico de sua preferência. O importante é buscar orientação de um profissional especializado. Ele vai montar um programa de treinos personalizado, visando o seu objetivo.